A instalação TOQUE reúne autorretratos de pessoas
com e sem formação artística, videntes e pessoas sem visão, pacientes
psiquiátricos, entre outros. A obra em processo traz indagações sobre temas da
vida contemporânea: identidade, alteridade, diversidade, acessibilidade,
inclusão, relação individual/coletivo e esfera pública.
O convite à fruição multissensorial constitui uma
marca de TOQUE, propiciando aproximações lúdicas e simbólicas entre corpo
figurado e corpo fruidor. Contemplamos, assim, um público abrangente –
crianças, adolescentes, pessoas com diferentes deficiências, entre outros -,
aprofundando o sentido inclusivo do projeto.
O formato modular da instalação - cada coautor
cria um único módulo - elide hierarquias. Os autorretratos situam-se em caixas
de madeira, empilhadas e justapostas - uma estrutura que acrescenta camadas de
significado ao conjunto, remetendo a conceitos como mercadoria, estocagem,
intercâmbio, saturação, confinamento, fragmentação.
A criação de TOQUE se dá em rede. O projeto conta com o apoio de inúmeras
instituições e ateliers, que sediam oficinas de produção dos módulos - em
Guarulhos, o Atelier Conexões participa dessa rede de produção. Artistas e
profissionais das instituições coordenam as atividades, que utiliza técnica
simples e de baixo custo (sucata de papel e papelão com adição de cola branca).
Essa simplicidade viabiliza a expansão da rede de oficinas, que se estende
atualmente por dez municípios paulistas.
A construção da instalação teve início em janeiro
de 2016 e continua acontecendo, com novas peças sendo acrescidas gradualmente
ao conjunto. Nossa itinerância já soma sete exposições, realizadas em cinco
municípios paulistas, incluindo a presente mostra.
A abordagem que fazemos na montagem realizada em Guarulhos é centrada no diálogo entre o
acervo de 256 autorretratos e a Escultura da Diversidade (projeto
convidado, coordenado por Fernanda
Rodrigues Vieira), construída a partir da somatória de moldagens de partes dos
corpos de seus coautores, todos usuários do Centro de Atenção Psicossocial II
de Salto de Pirapora, SP. Iniciamos assim uma nova etapa na trajetória de
TOQUE, promovendo e amplificando interlocuções entre trabalhos colaborativos
próximos, mas distintos. Convidamos o público do Centro Municipal de Educação
Adamastor a observar, sentir e tocar toda a extensão desses relevos,
mergulhando num labirinto plural que indaga quem somos, em nossa grandeza e em
nossa precariedade.
Hélio Schonmann
Idealizador e Produtor do PROJETO TOQUE
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